Dia de verão
O mar hoje estava em ressaca
e a vida vestiu a casaca
para enfrentar o dia,
que, pensava ela, ganharia.
Do tempo que fica sombrio,
da névoa que cobre o rio,
qualquer sombra desaparece
e toda luz enegrece.
Olhos verdes, grandes,
que nada veem, galantes,
as velhas carruagens,
que andavam nas margens
do rio em que tudo começou.
Pois esta vida merece sim,
merece início e fim.
Este breu escuridão
não pertence a esta imensidão:
foi apenas um dia de verão.