Cidade
Na noite perdida de ilusões
gritos, sussurros
por detrás dos muros
Luzes brilhantes inflamam
a vida dos que amam
Correrias para todos os lados
veículos em alta velocidade
destroem o silêncio solitário... da noite
Ferozmente, enegrece o momento
enfurece os deuses
enlouquecem os loucos
normal
Corpos suados... cansados... amados
se perdem na madrugada orvalhada
se unem se juntam
por acaso
por prazer
por um caso
o que fazer?
Cantorias ao amanhecer
preparam o Sol que vai nascer
calçadas vazias
O guarda noturno. Amarra o coturno
termina seu turno
prepara a marmita... vazia
para seu sono diurno
No mesmo momento
acompanha o evento
um operário sonolento
Com sua pastinha... batida
surrada pelo tempo
em rumo ao trabalho
de bicicleta
comprada zerinho...
do seu antoninho...
que é seu vizinho...
E lá no mercado,
o cheiro de peixe
está bem mais forte
e não há quem não se queixe
do cheiro da morte
E a Dona Maria, com a bolsa vazia
prepara seu troco, prás compras do dia
arruma as crianças
prá o estudo enfrentar
Na Luzia umas tranças
com José...ora...tem problemas, pro sapato amarrar
São pessoas humildes que vivem ai
de manhã... estudam
à tarde... trabalham
pedindo esmolas na praça da Alfândega
pedindo troquinho prá uma almôndega
às vezes conseguem...
se alguém tem
voltam prá casa a tardinha
encerram seu dia
com barriga vazia
O brilho da noite chegou novamente
nos corações ardentes de amor
nas ilusões perdidas da noite
gritos, sussurros...
de dor