Arquitetos do flagelo

Restos de um seco pão

um mendigado cigarro

na tétrica manhã

meninos lambendo catarro

Artimanhas de Satã!

Barro na mão

na boca, cachaça

olhos pro céu e pés bem no chão

corajosa desgraça.

Armas: pedra, pau, lixo, tudo no chão

carcaça de cócoras

aberta boca

azeda na lata o feijão

construção oca...

Olha o escombro erguido

bela e santa morada

homem, então, protegido

louvemos à estiada.

Mas mês de março vem vindo

as águas da chuva chegando

ingênua paciência mentindo;

um corpo gordo boiando...

Deus! olhai esses miserentos!

Expulsai a praga pobreza!

Enviai-nos unguentos!

Curai a ferida tristeza...

Edificai, pois, a prometida VIDA PLENA!

Chico Rosa
Enviado por Chico Rosa em 31/01/2007
Código do texto: T365218