Teatro dos malditos

Sob os meus pés o mundo é roda viva...

Mil veredeas, apontam os camihos,

O vento voa varando varais

E os girassois morrem a sangue frio.

Nas manhãs, outras flores eclodem indiferentes;

Alvoradas brilhantes, estonteantes,

Passeiam feito "misses" sem plateia,

Pintam a paz em qualquer cor;

Já que o branco, enferrujado, não diz mais nada.

Quem vivesse veria; tantos já se foram...

Não muito longe dali, esfarrapados

por dentro, por fora ternos de olhares e roupas,

Traem-se mutuamente; câmaras...telefones...

São seres encarnados em "não-sei-quê";

Vivem a roubar e perseguir ladrões,

São essas as suas tarefas mais diletas;

Habitam um planalto em um tal pais bloqueado

Com seus áporos desdenhados.

Eles não têm tempo nem manhãs, só manhas;

Rugem como leões por nada;

Brigam e riem feito hienas por carnes podres...

Mas em suas gordas contas, descontam sem dó

A carne magra e fresca das criancinhas.

São canibais, antropófagos disfarçados de nada.

Divinais e diabólicas, não importa...

São todas tristes as suas comédias;

Alegres mesmo são seus dramas e tragédias

E suas desvairadas cirandas financeiras

As quais a natureza observa calmamente...

Quem pensa, pensa que ela não se vinga,

Quem vingar, pensará que ela não pensa...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 14/05/2012
Reeditado em 05/06/2012
Código do texto: T3666675
Classificação de conteúdo: seguro