MANICURES

Mãos de manicure,
Mãos que pegam
Nas mãos que desfilam,

As peles frias,
Finas, sensíveis,
Peles cruas de gente madura,
Escuras mãos de ladrão.

Peles e unhas
Presentes no mundo,
Unhas sujas da terra
Das covas
Cavoucadas,

Peles sensibilizadas,
Unhas marcadas pela vida de luta
Dos veados e das putas,
Peles lisas, mas
Com rugas e rachaduras,

Dos destros e canhotos,
Planas ou convexas,
Sem atitudes aparentes.

Com a vida que pelas unhas
Entra, sem convite...
Penetras da vida...

Algumas de gente com garra,
Outras da malandragem,
De quem agarra o que pode,

Unhas de gente de nome,
E de desconhecidos.
Não pelas unhas foram
Levados para a vida a seguir.

Inocentes, e culpados,
Ambos ungueados.

Mãos trabalhadas de fora para dentro,
Não calejadas, esmaltadas,
E bem acabadas,

Unhas são a solidão,
Pois não participarão
Das atitudes dos seus portadores, 

Serão testemunhas primeiras
Do que as mãos executarão;

A traição,
As atitudes frias e escusas,
Da subtração desleal 
Por mãos-madrugadas
Pardas, que caminham
Junto aos muros,
E como todas as unhas,  
Participam
E não dizem nada. 

E voltam à manicure.








José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 06/02/2007
Reeditado em 06/02/2007
Código do texto: T371138
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