Entre o preto e o branco de uma Iugoslávia descolorida de vida
O cheiro da morte
É distinto de uma guerra,
Onde uma cruz esplandece
A vergonha de um país desmembrado pela intolerância.
Intolerância, que fere, que mata,
Onde uma estrela sangra
De uma bandeira destruída,
Perante uma nação marginalizada.
Um caça passa, depois da desgraça
De uma noite de terror,
É um novo holocausto da vergonha
Entre ruínas de um amanhecer.
Amanhecer sombrio, frio
Que mostra uma Iugoslávia
Em decadência pelo ódio,
Diante de um povo que se refugia.
Uma pátria refugiada de si mesma,
Onde sérvios e albaneses
Ignorantes perante uma ordem política,
Se destroem como formigas.
Formigas, que além de lutarem
Por m território, enfrentam a OTAN,
Diante dos mesmos olhos, que pedem
Por uma salvação oculta ou do além.
Além, porque Deus está longe
Para salvá-los das suas falhas
De suas batalhas infelizmente,
Perante um abismo construído de trevas.
O cheiro da morte
É distinto e continua neste Inferno
Não pegando fogo plenamente,
Mas levando o povo, às cinzas e ao pó.
Ao pó das chamas de um Inferno
Construído por eles,
Diante dos olhos do mundo
E perante os “anjos americanos”.
Anjos do mal, que elevam o fogo;
O fogo da morte de uma nação,
Antes socialista e agora ao óbvio
De um par-ou-ímpar capitalista por convicção.
O sangue escorre da bandeira
Crucificada por um povo,
Pelo ódio e pela política
Egoísta e ao mesmo tempo masoquista sem brio.
Lá vai, o caça, que em uma noite
Destruída, matava e ajudava a crucificar uma nação,
Onde o Judas desta vez foi um maldito sérvio;
Sérvio, presidente de uma nação.
As ruínas se mostram diante da neblina
Do horror que se vai, perante uma cruz,
Que fica semblanticamente parada
Entre um reflexo de luz.
O cheiro da morte
É distinto de uma guerra,
Onde uma cruz e uma bandeira sofrivelmente
Observam juntas um caça de guerra.
O cheiro da vida não aparece,
Pois é distinto de uma guerra,
Onde há uma cruz e uma bandeira sofrivelmente
Entre o preto e o branco de uma Iugoslávia descolorida de
Vida.
*Rodrigo Octavio Pereira de Andrade
Presidente da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo/RJ
-Poesia publicada no livro POESIARTE de autoria de Rodrigo Octavio Pereira de Andrade, conhecido no meio literário por Rodrigo Poeta.
*Poema feito com base na guerra de Kosovo no fim do século XX.