Operário do Sistema

Acorda ainda de noite

Veste a mesma roupa furada

Come um pão velho

Fecha a porta do barraco

Sai em direção ao Ponto de Ônibus

É esmagado e sufocado pela dor

O trem abre as portas

Enxerga uma massa cinza

Uma sirene indica o destino

A caminhada em fila é longa

Registra o ponto

Coloca o uniforme

Entrega a vida

Vende a liberdade por tão pouco

A alienação é absoluta e sem direção

Aperta parafusos

Digita códigos

Comercializa ilusões

Enriquece o Patrão um pouco mais

Um pouco mais, um pouco mais...

Reclama da vida

O chefe quer mais e mais

Eles não estão satisfeitos

Você é um lixo

Já se passou metade do dia

A fome bate e a marmita abre

A comida desce às pressas

Retorna, volta, senta

Produz o “Nada” um pouco mais

Um pouco mais, um pouco mais...

Já deu a hora, mas é preciso continuar

Já é tarde, mas não pode parar

Mais uma sirene que indica o fim

O final de apenas mais um capítulo

Esse livro é eterno?

Já é de noite

Tira o uniforme

Registra o ponto

A caminhada em fila é longa

A alienação é absoluta e sem direção

A porta da firma nunca é fechada

O trem abre as portas

Enxerga uma massa cinza

Uma sirene indica o destino

Vai em direção ao Ponto de Ônibus

Abre a porta do barraco

Cansado, cansado

Come um pão velho

Dorme e não consegue mais sonhar

Você é um lixo

É esmagado e sufocado pela dor

Vende a liberdade por tão pouco

Os dias, meses e anos se parecem

Não existe ponto final

A vida se derrete levemente

Mas a engrenagem não pode parar

Enriquece o Patrão um pouco mais

Um pouco mais, um pouco mais...

Entrega a vida um pouco mais

Um pouco mais, um pouco mais...

Já chegou o amanhã

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Ronaldo Antonio
Enviado por Ronaldo Antonio em 09/08/2012
Reeditado em 25/03/2013
Código do texto: T3821755
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