Entre os partidos, vale o nepotismo.
É avô, pai e mãe, filhos e netos
assumindo o poder, sem mais projetos
que não seja o fetal fisiologismo.
Tamanha corrupção, tanto cinismo
deixa a dignidade sem sentido.
O honesto se culpa em tê-lo sido,
dês que aos ladrões há votos manifestos.
Nos partidos há tantos desonestos,
que os honestos terminam sem partido.
Detendo da Justiça o dom Supremo,
Ministros memorizam o “Mensalão”,
na notória nobreza de um salão,
onde a voz do direito alcança o extremo.
Mas sobre o “Mensalão”, de medo tremo!
Um corpo sem cabeça é exibido
aos rigores da Lei. Não tem sentido
julgar somente os seres mais modestos.
Nos partidos há tantos desonestos,
que os honestos terminam sem partido.
Falta a cabeça ao corpo em julgamento!
Falta o mandante, o cerne, o estrategista.
Dessa temida troupe falta o artista
que teceu toda trama, o elemento
mentor das mutações de pensamento,
para pautar o plano pretendido.
Falta aquele que sabe o não sabido,
que proclama inocência nos protestos!
Nos partidos há tantos desonestos,
que os honestos terminam sem partido.
Quem gozou da gerência de tais atos?
Quem se locupletou com tal gerência?
Quem teria, do grupo, a competência
de planejar os planos mais exatos?
Parasitos! Cruentos carrapatos
do sangue que inda resta ao desnutrido,
da comida que acode o desvalido,
abutres abastados dos seus restos!
Nos partidos há tantos desonestos,
que os honestos terminam sem partido.
Metalúrgico, pobre, analfabeto,
vivendo nos limites da pobreza,
ei-lo na luta contra a correnteza,
ilhado na ilusão de ter um teto.
Sendo sagaz, domina, por completo,
um Brasil desnutrido e desvalido.
Por encestar os votos, hoje é tido
um presidencial de nobres gestos.
Nos partidos há tantos desonestos,
que os honestos terminam sem partido.
JPessoa/PB
08.09.2012
oklima
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Sou somente um escriba que escuta a voz do vento e o versa versos veros... |