Automatic poetry

Foi no brilho azulado da lente de seus óculos

Que pude ver a brilhante manhã

E na superfície mágica do vidro, no brilho-reflexo

Cadente

Olhei para mim mesmo,

E me repeti intimamente

Busquei rebuscamentos inexistentes

Busquei novamente veredas

para entrar no meu convexo

Foi no brilho azulado e ilusório de suas lentes

Que vi seus olhos refletidos nos meus...

E quanto engano e ilusão a luz provoca

E a bela aura da manhã

Se esvai na janela lá fora

E, eu fechada aqui dentro.

Numa espécie de cárcere de alma,

Numa espécie de catre de monge

Encerrada dentro de um hábito,

Encerrada dentro de uma rotina

Luzes, rezas e palavras...

Semânticas demais,

Sentimentos de menos...

Me emocionava quando via os pássaros

Pensava em quem os alimenta,

Quem os abriga,

De quais migalhas precisavam

para voar para longe

Ao infinito

E, eu que só conheço as asas da imaginação...

E nos intrépidos vôos cegos da ilusão,

Meu romantismo aporta, e faz escala,

no par de lentes azuis de

Sua miopia...

Você não vê direito,

Você não vê inteiramente

Sou um borrão em sua frente

A falar, a recitar poemas, a gritar

Fonemas loucos a procura de alguma significação

E nos gemidos recônditos de amor,

Toda a humanidade morre,

E se esquece que caminha inexoravelmente para

Morte e esquecimento

Eternizamos-nos em filhos, sementes, flores,

Gestos, brilhos e sobretudo

Nessa automatic poetry

Poesia automática

Transbordante

Avassaladora

Que inunda e calam,

a calma da rotina, dos dias, das manhãs

E as expectativas românticas

De quem não perdeu a esperança.

De um dia ver tudo que realmente há.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 21/02/2007
Código do texto: T388461
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