JOÃO SEM ESCOLHA
Sinal vermelho! La vai João estendendo a mão,
Olhos vazios e o vazio da barriga o incomodando,
De carro em carro, pede centavos e só recebe o NÃO!
E sem direção, segue chorando, segue vagando.
A noite chega la vai João e seu papelão,
Deitar no chão na rua suja de sua cidade,
E sente frio, e sente medo e quer um pão,
Olha pro céu e pede a Deus algum milagre.
E amanhece e anda João sem direção
Procura então seu alimento em um lixeiro,
E se alimenta das sobras da população,
E encontra paz em sua cola de sapateiro.
E vai seguindo o seu dia a dia fracassado,
Olhos pra baixo, e se revolta por ser infeliz,
Comete um crime e só assim é alimentando,
Pois só assim abrem-se os olhos do seu país.
Morre João, sem ter escolha na rebelião,
E uma cruz é o que lhe resta no final,
E lá vai José, Marcos e outros tantos estendendo a mão,
Com seus destinos traçado, pedindo centavos sob o sinal!