Sem Abrigo
Sem abrigo
Aconchegado,
À volta da lareira,
Deixei-me ir no sonhar,
Talvez embalado
Pelo cheiro da madeira
No seu lento crepitar.
Ali, no quentinho,
Tornei-me egoísta,
Naquele instante,
Alguém sozinho,
Não teria à vista,
Nada de aconchegante.
Uns, má orientação,
Outros, falta de sorte,
Noutro qualquer momento,
Quem não tem coração,
Talvez nem se importe
Com tanto sofrimento.
Acordei, sobressaltado,
Senti forte aperto
Dentro do meu ser,
Eu, ali aconchegado,
Quem sabe ali perto
Alguém sem ter onde viver.
A consciência desperta,
Não posso ignorar
O que se passa ao lado,
Agora que o frio aperta,
É tempo de ajudar
Que se viu abandonado.
Francis Raposo Ferreira