Gladiadores de Sêneca
Eles estão em todos os lugares...
Nas ruas, nas casas, nos bares
Nos mais improváveis ambientes
Nas mais belas torres de Babel
Mendigando a frieza do próximo
Nos antros mais rudes e sombrios
Estão tristes, vazios, doentes...
Não mais se mutilam no Coliseu,
A vida algoz o faz - por si só
Não possuem perdas, nem glórias
Não há mais a turba para instigá-los
Nem sequer arrebatam o dó do Filósofo...
É um viver pequeno, sem sombras
Um morrer constante sem cingir vitórias.
São aqueles sem viço, sem furor,
Sem o menor abrigo, sem alma, nem fé
Aqueles ignóbeis, seres errantes,
Falta-lhes um mundo, um tudo e o nada
O respeito, a paz, o pão da vida
Negaram-lhes até o pôr do sol
Almas nulas, num abismo constante...
Às vezes, alegres,
Efusivos, drogados,
Medíocres, invisíveis
Impuros, maculados
Ora heróis, num mundo cruel
Ora desprezíveis, deixados de lado...
Tantas e tantas promessas,
Soluções verossímeis
Projetos inacabados...
São os órfãos da dignidade
Perdidos, acuados e sofridos,
Imersos num submundo atroz.
...