Gladiadores de Sêneca

Eles estão em todos os lugares...

Nas ruas, nas casas, nos bares

Nos mais improváveis ambientes

Nas mais belas torres de Babel

Mendigando a frieza do próximo

Nos antros mais rudes e sombrios

Estão tristes, vazios, doentes...

Não mais se mutilam no Coliseu,

A vida algoz o faz - por si só

Não possuem perdas, nem glórias

Não há mais a turba para instigá-los

Nem sequer arrebatam o dó do Filósofo...

É um viver pequeno, sem sombras

Um morrer constante sem cingir vitórias.

São aqueles sem viço, sem furor,

Sem o menor abrigo, sem alma, nem fé

Aqueles ignóbeis, seres errantes,

Falta-lhes um mundo, um tudo e o nada

O respeito, a paz, o pão da vida

Negaram-lhes até o pôr do sol

Almas nulas, num abismo constante...

Às vezes, alegres,

Efusivos, drogados,

Medíocres, invisíveis

Impuros, maculados

Ora heróis, num mundo cruel

Ora desprezíveis, deixados de lado...

Tantas e tantas promessas,

Soluções verossímeis

Projetos inacabados...

São os órfãos da dignidade

Perdidos, acuados e sofridos,

Imersos num submundo atroz.

...

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 09/11/2012
Código do texto: T3976672
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