"O SETE UM”

Tia Ana, por favor, mande buscar uma resma de papel oficio na papelaria, preciso escrever alguma coisa.
Fala para Eva fazer um café bem forte e me servir bem rapidinho.
Não saiam, fiquem em silêncio, deixem portas e janelas fechadas e abram todas as cortinas para a luz do sol entrar.
Preciso escrever um alguma coisa.
Caso alguém me ligue, só atendo se for Joana.
Caso seja o pastor, só posso falar-lhe amanhã.
Caso seja um trote, me chama que atendo.
Tenho uma alegria enorme pela vida.
Fala para Joana buscar a loira do Tcham.
Caso haja mais alegria vem logo me dizer;
Caso o sangue de Dona Zita volte a correr, me informe,
Tenho uma alegria enorme pela vida.
Preciso escrever alguma coisa.
Quando papai chegar passe-me logo o jornal da tarde
Não desejo perder nada da vida.
Caso eu venha adormecer, peço em nome de Deus, me acordem, por favor,
Não desejo perder nada da vida.
Cozinharam ossos para eu roer?
Ponham no lugar meus cigarros e meus livros,
Tenho uma alegria enorme pela vida.
Tia Ana estou querendo chorar
Estou com palpitação, me dá um remedinho.
Antes do meu fim, não desejo a morte, a vida para mim é tudo.
Sinto alegria pela vida, desejo escrever o melhor poema do planeta.
Não desejo morrer agora.
Fala com Lula para mandar investigar todos os integrantes do governo e parlamentares do Congresso Nacional, abrir empresas e criar vagas de empregos.
Já não sou mais um crítico de arte.
Ah imagina algo, tia Ana, para relaxar teu sobrinho, teu sete um, teu sobrinho, teu rico, teu digno sobrinho, que explode em força, egoísmo, respeito, abnegação.
Que podia com picareta quebrar pedras.
Ser estivador no cais do porto com facilidade
Estudar e ser mecânico com o riso perfeito
Se com isso não perdesse por fatalidade o amor
Sabe ser o melhor, o mais doce e o mais eterno com teu legítimo carinho.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 02/08/2005
Reeditado em 15/04/2006
Código do texto: T39799
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