Onde o Ser Humano Sofre.

Caminhei por entre vales

Cada qual em igual situação,

Todos afetados por grandes males,

Desertos vazios de inspiração.

Ao conversar com a miséria

E sua forçada embriaguez,

Descobri uma realidade séria

Que é esquecida toda vez.

Ao conhecer a fome

Em diversas alamedas,

Vi quem morre sem nome

Largados em imundas veredas.

Quando falei com a angústia

Cercada por tantos desalentos,

Soube que até a astúcia

Sofre com tais tormentos.

Depois de ver o desespero

Espalhando-se feito fumaça,

A esperança viria como tempero

Para amenizar a desgraça.

Mas em seguida vi a guerra,

Como sempre, fútil e atroz,

Devastando sem dó a terra

Com sua pose de algoz.

E por fim falei com a morte,

Mergulhada em eterna viuvez,

Condenada sem sorte

A matar seu freguês...

Nos recantos do prazer,

Que a regalia é aproveitada,

A morte vem a ser

Uma bruxa indesejada.

Porém onde o ser humano sofre,

Sua feição muda de cor,

Depois de aberto o cofre,

Vem a fada para livrá-los da dor.

Porque na Caixa de Pandora

Esperança ainda havia,

No amanhecer da Aurora,

Um a um morria.

Assim terminei a jornada

Pelos vales do medo,

Todos conhecem, mas não dizem nada,

Por fugirem dele desde cedo.

Hilton Boenos Aires.

28 – Outubro – 2012.

Caruaru – Pernambuco.