Pauladão

Pauladão odiava os coletivos,

tinha uma dor que doía imensa,

corria fria por toda a barriga

e apertava, furiosa, nos dedos.

Uma dor que doía de medo,

medo que doía no Pauladão

de não pegar o volante da busuca

e levá-la em sua confiança…

Pauladão tinha medo da direção;

tinha medo – nos outros – da vida…

daquela, toda sua vida, fora de mão.

Dias, até, nem acordava:

tinha medo da Terra, que girava e girava

num coletivo de gente, doido…e enjoava.

Morreu matado,

que nem isso pode ele mesmo…

coitado!

Vinicius de Andrade
Enviado por Vinicius de Andrade em 14/11/2012
Código do texto: T3985190
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