Pauladão
Pauladão odiava os coletivos,
tinha uma dor que doía imensa,
corria fria por toda a barriga
e apertava, furiosa, nos dedos.
Uma dor que doía de medo,
medo que doía no Pauladão
de não pegar o volante da busuca
e levá-la em sua confiança…
Pauladão tinha medo da direção;
tinha medo – nos outros – da vida…
daquela, toda sua vida, fora de mão.
Dias, até, nem acordava:
tinha medo da Terra, que girava e girava
num coletivo de gente, doido…e enjoava.
Morreu matado,
que nem isso pode ele mesmo…
coitado!