A Obra de Arte

Quando eu caminhava um dia

Vi dentro de uma casa fria

Através de uma janela escura

Que enquadrava uma moldura

A visão mais que medonha

De uma face enfadonha

Algo que um sensível pintor

Que de um flash é doutor

Assinaria como sua obra

Aquela visão melancólica

Onde o caos era o império

De uma expressão sem mistério

Contornos a dor esboçava

Mostrava-se insaciada

Um olhar no horizonte perdido

Uma vida sem sentido

Uma alma extremamente rude

Desprovida de qualquer atitude

A vida era só uma cruz

Não corria um feixe de luz

Destinos cartas marcadas

Suas mãos atadas

Era uma vil existência

E uma vil obediência

Em Deus a única fé cultivada

Tantos anos na mente cravada

Pancadas do senso comum

Dilacerou seu zoom

Na religião a alma descansa

Uma droga que no sangue se lança

Lembro sempre daquele quadro

De uma mulher sem rastro

Não adiantava o quadro pintar

Nem que eu fosse um Renoir

O que é uma obra prima hoje então

Senão um valioso objeto de leilão.

kakaos
Enviado por kakaos em 20/11/2012
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