GUIADOS POR FOTOSHOPPING
Flavia Costa



Proibido ultrapassar os cento e quarenta
O cotidiano, de portas abertas, é carona ou motorista.
Ser o passageiro ou o piloto mais seguido, muitas vezes,
É definido em bancos da frente de portais ou revistas.

Muitas faces convidam para curtir como “amigos”,
Para-brisa com película encobre trincas, e pinta imagens dos dias.
Entre balões que se enchem em caminhos curtos ou extensos,
Polegares erguidos e anotações dobradas, desencadeiam fantasias.

A vida passeia e estaciona em fotos e shoppings,
Programas de uma sociedade que buzina.
Produtos consumidos e consumados,
Falsa realidade que fascina.

Manequins que preferem ou tentam não ser vitrine,
Seguem andando na contramão,
Procurando desviar-se de estéticas maquiadas
Ou modismos apresentados em cada estação.

A primeira consoante, aquela dissimulada em trio,
É apenas um entre os vários retrovisores com a fama no olhar.
Ídolos instantâneos e curtas aparências manobram daltônicos míopes,
Oftalmopatia narcísica não percebe sinal amarelo, mas sabe imitar.

Em tempos onde todas as cargas trafegam velozes,
Simulacros que deram partida em veículos tradicionais
Espalharam-se por todas as vias.
Imagens retocadas e verdades disfarçadas conduzem cotidianos reais.