FACE E DISFARCE

A máscara não aparece do nada, como em um conto de fadas,

ela é lentamente criada, pelo desgaste, pela identidade rasgada.

Como produto do meio onde vive esse ser inconseqüente,

fruto de uma sociedade doente, preconceituosa e excludente,

não consegue se sentir “gente", nem tão pouco componente de uma vida condizente.

Tantos traumas em sua alma, palavra que não acalma, gritam pela ilusão,

que tende logo a passar, mas a busca não pode parar, para não recordar a decepção,

muitas vezes de um lar desfeito, sem pudor e violento, onde a própria conivência o faz iniciar,

essa jornada perigosa, que pode ser uma ida sem volta e só tende a aumentar.

Não se pode simplesmente, através de um olhar impertinente, deixar tudo como está,

sendo parte deste contexto, temos deveres e direitos para pelo menos tentar mudar,

esta realidade maldita, egoísta, oportunista em que estão a se encontrar,

dentro de uma bolha profunda, contrabandista e imunda, sem chegar a algum lugar.

Quem é bandido, quem é mocinho? Quem pode acusar ou remediar?

Quem pode apontar o erro sem ser incluído neste patamar?

Quantas vezes fechei os olhos para não vislumbrar,

para desviar a rota, esquecer ou não agonizar.

O palpável esta à porta, urrando, batendo, gemendo sem parar,

só me resta saber se a vítima esta do lado de dentro ou fora a gritar.

Cristiane Gerbasi
Enviado por Cristiane Gerbasi em 23/01/2013
Reeditado em 25/01/2013
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