Prostitutas
Nos becos, nas ruas, nas avenidas,
Em todas as esquinas
Vendendo o corpo estão muitas vidas
E algumas são mulheres-meninas.
São elas as prostitutas
Que por falta de opção
Ou medo de disputas
Embarcam nessa profissão.
Expõem-se de tal maneira vulgar
Que ao amor desmentem
E aquele que melhor lhes pagar
É que seus carinhos sentem.
Elas não fazem o amor
Elas dão apenas o prazer do sexo
Porque sendo vendido o amor
Não é amor, é algo sem nexo.
Elas fingem o prazer
Dão falsos gemidos
Fazem apenas para sobreviver
Momentos tão sofridos.
O amor assim não é completo
Pois o amor não tem preço
Gratuito e livre é seu lema predileto
Só lhe falta é apreço.
Elas vestem uma roupa curta ou apertada
E se oferecem ao pedestre primeiro
Ou então vestindo quase nada
Entregam-se sem nada por dinheiro.
E quando estão solitárias
E dos seus olhos caem lágrimas de arrependimento
Percebe-se que não são tão ordinárias
E que também têm sentimento.
Mas um dia encontram a sorte
E conquistam a felicidade
E encontram alguém forte
Que lhes ame de verdade.
A vida também é uma prostituta
Mãe de todas as meretrizes
Pois quem perde a sua luta
Não tem momentos felizes.
E também porque cobra caro
Algumas vezes pelo seu carinho
E como o pagamento é raro
Muitas vezes tem-se que seguir sozinho.
Mas as prostitutas são apenas mais uma parte
Dessa nossa sociedade desigual
E também são uma arte
Dessa vida escultural.
Cícero – 02-10-94