Terra Seca de Deus e do Diabo

De novo está seca

a terra que Deus e o Diabo

queima de Sol.

Tua poesia não bastou,

irmão das ideias na cabeça e câmera na mão.

Os homens ainda vivem da morte

e a bala só não mata a fome

que campeia feito rês fantasma

em cada légua de caminho seco.

O espinho de Mandacaru

fere o corpo curtido da gente fiapo

dopada pelo pó marrom.

Gente suja, feia, rota, desgrenhada

que perambula no chão partido

em busca de tudo. Em busca de tão pouco.

E o Milagre Conselheiro que procuram

o Governo matou.

De Canudos restou apenas

a sede perene dos ressacados.

De novo está a seca

a Terra de Deus e do Diabo.

E Gláuber se foi ou morreu

n'algum pau-de-arara

de tortura, morte ou exílio.

Homenagem pouco ao gênio de Gláuber Rocha.