DUREZA DA VIDA

Aquela bela menina

Tão pequenina

Já tem triste sina

Destino traçado

Forjado a fogo

Quando adulta

Vender o corpo na esquina

A bela menina queria estudar

Mas seu pai se negou

Não deixou

Ela tinha que trabalhar

Tomar conta dos irmãos

Enquanto a mãe ia trabalhar

Catando papel e latinha

Renda que junto com a do marido

Sustentava a família

O pai fazia bico

Um dia sem dinheiro, no outro também

Mas se sentiam resguardados

Ganhando do governo

A mísera bolsa Família

Que nem leite podia comprar

E a menina crescendo

A tudo observava

Não sabia a menina

O que o futuro lhe reservava

Dormir com um, com outro

Não se entregar por amor

Pelo contrário

A necessidade falou mais alto

A inocente menina

Perdeu a inocência

Perdeu a candura

Se entregou à vida dura

Que o sistema lhe impôs

Enfrentou de vez a dureza da vida

Amor ela não conhecia

Apenas noite e dia

Tinha que ceder aos caprichos

De homens que pouco tinham de humano

Parecendo mais uns bichos

Coitada da menina

Pequenina

Triste sina

(Vera Helena)

Vitória/ES – Em 23/03/2013 -

Helena Serena
Enviado por Helena Serena em 07/04/2013
Reeditado em 07/04/2013
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