Morando em Sampa, nem sei quantas vezes voltei da zona oeste pra zona sul, as vezes, congestionamento, no geral, o transito rápido assustador e solitário... quase sempre chuva e muitas vezes tempestades e inundações...
 
Poluição e fumaça, ins"piração"...
Respiração acelerada;
Respiração trancada;
Na marginal a dança louca
Automóveis compulsivos,
Aumentam minha alucinação.
Vamos frenéticos e amontoados,
Astronautas em seus carros.
Expressão do caos,
Metálico e hermético.
Sons: hipnóticos,
Desordenados.
Afetam meu ritmo interno,
Buzinas, o ronco dos motores,
Aceleram e desordenam
As batidas do meu coração;
Trafegar nessa loucura
Para mim é hora céu,
Hora inferno;
Depende pra onde vou.
Depende de onde venho...
A aceleração desmancha,
Dilui nossa humanidade,
Torna imperceptível
A pulsação com o todo.
As pessoas nos automóveis,
O que sentem?
Porque seus olhares
Se atravessam?
Olhares perdidos
Parece que as vezes se cruzam
Se comem ou se hostilizam,
Porque fazem das máquinas
Terríveis carcaças,
Armaduras de metal,
Escudos que isolam
Humanidades perdidas
Nessa selva de concreto.
São Paulo (17/06/88)

<3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3

É minha essa solidão,
Dói, e quebra meu coração.
Torna sólida a minha alma,
Congela de medo meu coração.

Sólida alma geleira.
Isola gelado meu coração.
Congelada em solitude.
Paralisada e sem ação...

Estou irremediavelmente só...
Só, nessa multidão em círculos procuro...
Um olhar um contato, busco em vão...

Congelados todos estão!
São Paulo (28/07/89)

Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 25/03/2007
Reeditado em 29/09/2012
Código do texto: T425426
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