Quotidiano
Estou preso, de braços cruzados,
A sociedade e a regras básicas.
São eles que escolhem minha roupa,
Onde eu devo comer,
Como devo andar.
São eles que escolhem o que eu assisto,
São eles minhas leis e não há como reclamar.
São eles que escolhem meu carro,
Que escolhem a marca e até a cor.
São eles que escolhem meu cabelo,
Que escolhem minha gravata, o meu terno e minha cueca.
São eles que me vem com preservativos,
Que me vem com lições de como porta-me
São eles que me falam de guerras,
E se devo gostar ou repudiá-las.
Estou preso...
Estou preso?
Ou será que há como fugir?
Fui criado pelo Estado,
Dezoito anos de frustração.
Quando tiver uns quarenta me ensinarão novas coisas,
E eu terei que aceita-las como se fosse lei de sobrevivência.
O poder todo no dinheiro,
O dinheiro no poder.
E não há como fugir disso.
Ou há?
Quero vomitar esse ódio pra fora,
Mas me ensinaram a não fazer tal nojeira.
Então vou mandar explodir tudo inclusive a mim,
Mas não posso usar bombas,pois é um meio de matar imoral.
Devo matar todo mundo de outro jeito,assim será mais justo.
E por falar em justiça,
Ensinaram-me em meio a desigualdade,
Que não há nada mais belo que a justiça.
Como salvar-me?
Estou preso.
E por mais que eu tente fugir,
Acabado mais envolvido.
Estou preso...
E é prisão perpétua.