BRASIL COLÔNIA
Eu venho do Brasil Colônia,
Das fazendas de cana
E das minas de ouro;
Tenho na pele as lembranças profundas
Dos frios e dolorosos açoites
E das máscaras de folha-de-flandres!
Vagueio, como vagueava antes,
Entre as sombras que povoam as noites,
Ouvindo o murmúrio das águas imundas!
Debaixo do largo chapéu de couro,
Ando descalço sobre o tapete de lama,
Carregando nas costas o peso da insônia!
Tudo me faz lembrar o passado colonial:
As mesmas invernias sem agasalho,
As mesmas bancadas sem ideal,
As mesmas forças sem trabalho...
Porque eu venho do Brasil Colônia,
E trago comigo o pesadelo da insônia;
Vagueio, como vagueava antes,
Entre as sombras de noites distantes!