Enquanto isso Baixio das Bestas passeia na avenida
O amargo moralismo rasteja continuamente na planície
não cansa de regurgitar com ecos sua epifania
a cena é grotesca e realista
alguns menos íntimos embrulham o estômago
eles não conseguem sair da janela de vidro
não suportam o amargo sabor da realidade nos olhos
é ardente de mais para certas pessoas
alguns não sabem lê a cena e o recorte
acham que é mais uma diversão da galera
regada a drogas & (álcool) como subversão
“playboys” de classe média vomitam em suas propriedades
mulheres de carnes expostas a preço banal
eles salivam diante da carne barata
do sexo pago com porradas
tratam como lixos descartáveis até o próximo ato de sexo
eles cantam o ritmo da transgressão social
enquanto camponeses e seus filhos
vivem a míngua sem pão pra por na boca
acostumam-se com a condição do sertão
da sociedade e suas mazelas expostas em crucifixos
o diretor é perspicaz no olhar ao periscópio social
traga com verdade o cinismo hipócrita de moralistas ambíguos
que usam da ignorância como arma para o dinheiro
quantas crianças nos bares da infeliz vida
não são usadas como desculpa pra mais uma exploração
Maria Auxiliadora ao deleite dos voyeurs da cidade
cumpre a infeliz sina de criança como propriedade
palavras monossilábicas quase não saem de sua boca de 13 anos
o sertão é duro até com travesseiro na cabeça
a lida sertaneja é dura demais e não existe sorriso:
lavar, passar, cozinhar e despir-se quando o sol se pôr
Baixio das Bestas é uma porrada no estômago
o estupro da carne é o ato da insignificância da mulher
e Maria Auxiliadora ficará trancada na perversidade do mundo.
(Inspirado no filme
de Cláudio Assis, 2007)