RAP- CIDADÃO.

Dizem que sou cidadão,

Onde estão os meus direitos,

Em minha própria nação,

Eu enfrento preconceito,

Pois eu me chamo Clotilde,

Mas resido na favela,

De uma família humilde,

Convivendo na miséria,

A muito fui iludida,

A vir viver na cidade,

Hoje percebo que a vida,

Tem muitas desigualdades,

Muitas vezes me pergunto,

O que fiz pra merecer,

Tantos barracos assim juntos,

Com crianças a morrer,

Às vezes fico pensando,

Nessa vida sem conforto,

Vendo jovens se drogando,

Em desespero absorto,

Cadê a dignidade,

Que se prega ao cidadão,

Com tanta comunidade,

Aqui mendigando pão,

Olho para o céu e clamo,

Por tantas selvagerias,

Apelo pra Deus e chamo,

Por um pouco de alegria,

Construi esse bagulho,

De madeira e papelão,

Com um resto de entulho,

De uma velha construção,

Ando errante pelas ruas,

Pelos bairros da cidade,

A verdade nua e crua,

Em miséria na verdade,

Os meus filhos questionam,

Pai nós somos brasileiro?

Mas as leis não funcionam,

E é nosso pesadelo,

Colho lixo e pago imposto,

E onde está a saúde,

Veja a marca no meu rosto,

A espera que isso mude,

No domingo o que me prende,

Em nossa comunidade,

É algo que não se vende,

O sopão que vem a tarde,

Olha a fila que tamanho,

Pra pegar o tal sopão,

Todo dia tem estranhos,

A comer desse pirão,

Pelo menos temos isso,

Para saciar a fome,

Não tem medo não tem vicio,

A miséria não tem nome,

É assim que vou vivendo,

Nessa pátria tão querida,

Porém pelo que estou vendo,

Nada muda nessa vida,

Em discursos que se pregam,

Que direitos são iguais,

Se os próprios da lei se negam,

O direito aos demais,

Perecem pobres e negros,

Com a criminalidade,

E tantos apontam o dedo,

Com grande desigualdade,

La se foi o meu salário,

Lá se foi a minha paz,

Com tantos dos mercenários,

Na pose de maiorais,

Sabe o que eu mais queria?

Disse-me um senhor de idade,

Que essa tal de democracia,

Existisse de verdade,

Que todos nesse país,

Tivessem o mesmo direito,

Sendo pobre, mas feliz,

Com dignidade e respeito.

Cosme B Araujo.

20/05/2013.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 20/05/2013
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