DELIVERY

DELIVERY

Nas casas modernas

Pouco se cozinha

Perdeu-se um pouco do materno

A comida virou campainha

Charmoso delivery

Ou se não, marmita ou quilo

Que é aquilo

Que se engole no dia

Pura fisiologia

Não há mais cheirinho

De arroz, feijão e bifinho

De cebola e alho frigido

Tudo é frígido

O sentar a mesa

Conversar o dia

Virou tristeza

Família vazia

O café foi pra padoca

Não é mais na toca

Não tem mais açúcar

Nem papo pra adoçar

É adoçante pra sintetizar

E assim vai indo o lar

A família vai junto

Pro restaurante ou bar

Sem cheiro, sem o estar junto

Foi-se o cheirinho de casa

Foi-se a união da cozinha

Foi-se a conversa mansinha

O falar mal da vizinha

A reclamação da louça empilhada

Da gordura no fogão depositada

Mas acima de tudo

Foi-se o prazer sobretudo

De ter um lar

Que virou casa

Apenas tijolos

Um bater asas

Com lágrimas nos olhos

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 26/07/2013
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