Desumanizando (Um Poema Feminista e Classista)
Se o ser humano é quem faz
As coisas de usar
Quem diz que a mulher
Que quer prazer é vulgar
Quer fazer da mulher
Uma coisa de usar
Quem esconde dela
Que seu corpo é fantástico
Joga na mente dela
Um sonho em ser plástico
Pra que ela com zelo
Arranque seus cheiros do corpo
Um por um cada pelo
Antes de tocar outro corpo
Pra que ela se distraia
E não veja
Que as coisas que ela faz
São riqueza
São fartura que anda enchendo mesa
De quem não faz
As coisas de usar
Que quem faz as coisas de usar
Seja quem quer que seja
É quem merece a fartura na mesa
Do café-da-manhã ao jantar
E que essa coisa de colocar
Um pra lá outro pra cá
Um que cuida da pia
Outro que cuida da pá
É pra tirar cada um de si
Desumanizar
Separar, desunir
Só pra se aproveitar