O TERRÍVEL MUNDO DOS VÍCIOS

Acreditar não consigo

Que quem se diz teu amigo

Quer te levar para o mundo dos vícios

Onde tudo tem início

E um retorno difícil

Onde só há loucura

E um mundo de horrores

Escondidos num canteiro de flores

De todas as cores

Sem eira, nem beira

E um painel de luzes

Que te deixam alucinado – no começo

E arrasado – pela vida inteira

Tal como a serpente

Que, escondida entre os frutos,

Fez uma rainha tombar

Assim é o vício

Que engana com os olhos

E abocanha – com seu paladar

Tal como a chama

Que consome a própria vela

Assim é o vício

Que devora aos poucos

A carne e o osso

E a vida – perde o seu gosto

Tal como a cicuta

Que mata os condenados

À morte não desejada

Assim é o vício

Que faz de cada usuário

Um condenado enfermo

A uma lenta agonia

E uma vida sem preço

O vício não é só teu problema

Pois cada escravo

De tão torpes desejos

Torna-se um peso para si

E uma cruz de madeira

Para sua família inteira

E a sociedade

Não pode crescer

Sem que os viciados

Lhe roubem a vitalidade

E os traficantes

Fazem de cada viciado

Um mendicante

Ou um torpe ladrão

Que nunca fora antes

Se não queres a felicidade

É melhor que retornes

Ao ventre de tua mãe

Que viu primeiro o teu rosto

E agora – morre de desgosto

Se pensas que os vícios

Vão te levar ao paraíso

Ou se fazes do teu esconderijo

Um triste oratório

Irás conhecer belo jardim

De um terrível sanatório

Ou se pensas

Que vais despertar a consciência

Ingerindo em teu corpo

Substâncias estranhas

Que sujam o teu sangue

E tuas entranhas

Não serás o homem

De uma nova cultura

E sim o passageiro

De uma triste sepultura

Se queres silêncio

Te envolvendo num mundo estranho

E viajando – numa paisagem confusa

Por luzes e cores

Numa visão difusa

Chorando horrores

Pelo dia alegre – que se foi

E uma noite escura – que sempre perdura

As correntes são duras

E cada vez pesadas

Escravizando o corpo

A uma sede constante

Que jamais se sacia

Se não tiver uma pílula

Ou uma fome

Que não se apaga

Como simples fagulha

Preferindo saciá-la

Com uma picada de agulha

E a alma-infante

Vive atormentada

Por gemidos constantes

E uma agonia aviltante

Deixando-lhe um rosto mais seco

E um semblante mais sério

De um jovem que já foi mais forte

E perdeu sua juventude e o porte

Como candidato

Sem brilho e com a sorte

De um triste cemitério.