Corpo fechado

O peito abriu em ira,

Como a seca mira de um revolver velho,

Sem colete nem panóplia,

Sem escudo ou gibão,

Atirou-se no vão escuro do mistério;

A bala espocou no alvo,

Ninguém ficará à salvo da cubísta morte súbita,

Atira uma, atira duas, atira seis,

Descarregando o tambor no coração do burguês;

Pra quê pôis o corpo pra fora?

Por quê não ficou na utopia?

Repara o teu social agora,

E o capital que no cubo ria;

Foi caixão e vela preta,

Foi moeda que pagou,

Sua ira na escopeta,

E o buraco que cavou.

Fernanda Valencise
Enviado por Fernanda Valencise em 07/11/2013
Código do texto: T4561042
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