Comilanças

Ela comia o céu inteiro e

acreditava que as nuvens fossem de açuçar

Ou algodão doce.

Comia também o entardecer

Alaranjado rubro como o tom

de açúcar queimado.

Vindo da adolescência.

Ela comia tudo em sua frente

Era a ansiedade em pessoa

Queria conter tudo em si

Embora se sentisse vazia e

espaçosa.

Os médicos tentaram moderadores

de apetite.

Dietas e exercícios físicos.

Mas era a sua mente cansada

Que ordenava a comilança compulsiva.

Quando ela sentava

Nada restava inteiro.

Nem ela e nem os outros.

Comer sem parar era uma vingança.

Estética, íntima e visceral.

No fundo comer era religioso

E não vital.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/11/2013
Código do texto: T4569769
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