Rua da Palha

E também do barro

poeira e pó

de gente sem eira

nem beira

nem pena nem dó

Rua da palha

e da fome

que comia mulher

e comia homem

Rua da pobreza

da doença

da tristeza

rua sem pedra

nem pau

calçada com merda

e espinho

onde a morte

roía os ossos

dos pobres diabos

mulambos de gente

ô povo insistente

que teima em viver

quando a fome

e doença

a falta de crença

quer todos na terra

embaixo da terra

pra acabar com a guerra

de não ter o que comer...

Rua da palha

sem telha e sem calha

sem chuva nem água

nem para beber

terreno baldio

pra gente sem brio

pra pobre morrer

Ali a criança

brincava contente

com a pança vazia

sem mesmo saber

que a fome comia

a sua esperança

que o seu futuro

jogado em dadinhos

ia ser no monturo

Salvador, 03 de dezembro de 2013

Minha Rua, Rua da Palha, Jequié-BA

Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 04/12/2013
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