Inclemência

Tenho uma vontade ululante de gritar,

Esticar os pulmões até perder o timbre,

É um desabafo perante as peripécias das horas

Que fazem de mim cacoete da vida urdida.

Em meu silêncio choro mares de lágrimas

Que ensopam meu íntimo de vergonha

Enquanto meus olhos secam extasiados

Diante dos arrepios que são vedetes sociais.

Como eu gostaria de dilacerar o tempo!

Não posso modificar valores, nem impor a garganta,

Então mergulho no vácuo e minha voz não é ouvida...

Cabisbaixo atravesso paisagens íngremes e sinuosas

Até alcançar a margem oposta onde o cio se repete

Como enfermidade incurável dos tons que bradam uniformes!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 22/12/2013
Código do texto: T4621794
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