Corações Infelizes - Vidros enfeitiçados

As janelas reais eram de vidraças importadas

Por onde se via o mundo correndo lá fora

Esbanjando alegria

De casas esquecidas pelas falsas homenagens

E vinhos trazidos do outro lado do mundo

(Até uma leve ilusão de Marte)

Um par de olhos exaustos, abrindo as cortinas

Percorrem as gramas lá embaixo

Em que nunca se pode brincar.

Os pés tão finos de luxo

Não ousaram sentir o barro

E as gotas geladas da chuva.

Mas por toda a vida

Mergulhou na solidão do poder

E dolorida ausência de paz.

Ao longe dos holofotes

Caminha outro coração

Que maravilhado avista o castelo

E sonha com os vidros de brilhantes

E suas comidas gordurosas.

Não sabe, no entanto,

Que corações infelizes não se curam com ouro

E muito menos com vidros enfeitiçados...

Jacqueline Campos Rojas
Enviado por Jacqueline Campos Rojas em 30/12/2013
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