SENTADO NA PRAÇA
SENTADO NA PRAÇA
Sentado na praça
Gente que passa
As moças belas
Os rapazes de bem
Perdidos na solidão das telas
Não percebem nada e ninguém
Não curtem o céu de azul profundo
E os brancos flocos que brincam
Com a imaginação
Os ouros da acácia em profusão
Os flamboyants vermelho floridos
As quaresmeiras em roxo
A tudo apenas um muxoxo
Talvez nem ouçam os sinos
Que chamam para a missa das seis
Estão em outros destinos
É outra a bola da vez
De contatos imediatos
Sem contato
Longe da realidade
Próximos da tela que cega
Que a tudo e todos nega
A atenção
Num ou noutro banco
Um casal de namorados
Enamorados pelo teclado
Mandam mensagens
Olham-se de passagem
Não trocam furtivos carinhos
Os dedos das mãos ocupadinhos
Tocam com tesão os aparelhinhos
A noite desce
E os pirilampos eletrônicos
Continuam piscando
Num frêmito total
Nem a lua colossal
Muda a tônica
Nesse mundo (a)normal
Vou-me embora
Com uma sensação de vazio
Não escutei um pio
A não ser de um bem-te-vi
Que cantava vi-vi-vi
E ninguém estava nem aí
Apenas ouviam o pi
De mais uma mensagem
De mais uma viagem
À inocuidade
Da nova realidade