SENTADO NA PRAÇA

SENTADO NA PRAÇA

Sentado na praça

Gente que passa

As moças belas

Os rapazes de bem

Perdidos na solidão das telas

Não percebem nada e ninguém

Não curtem o céu de azul profundo

E os brancos flocos que brincam

Com a imaginação

Os ouros da acácia em profusão

Os flamboyants vermelho floridos

As quaresmeiras em roxo

A tudo apenas um muxoxo

Talvez nem ouçam os sinos

Que chamam para a missa das seis

Estão em outros destinos

É outra a bola da vez

De contatos imediatos

Sem contato

Longe da realidade

Próximos da tela que cega

Que a tudo e todos nega

A atenção

Num ou noutro banco

Um casal de namorados

Enamorados pelo teclado

Mandam mensagens

Olham-se de passagem

Não trocam furtivos carinhos

Os dedos das mãos ocupadinhos

Tocam com tesão os aparelhinhos

A noite desce

E os pirilampos eletrônicos

Continuam piscando

Num frêmito total

Nem a lua colossal

Muda a tônica

Nesse mundo (a)normal

Vou-me embora

Com uma sensação de vazio

Não escutei um pio

A não ser de um bem-te-vi

Que cantava vi-vi-vi

E ninguém estava nem aí

Apenas ouviam o pi

De mais uma mensagem

De mais uma viagem

À inocuidade

Da nova realidade

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 09/01/2014
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