Perdoa o meu modo de orar
Perdoa Senhor, perdoa
o meu modo de orar.
A vida até que é boa
quando dá pra respirar.
O caboclo que trabalha
da terra dá comer,
mas não tendo que apoie
não dá pra sobreviver.
De manhã pego a muchila e vou trabalhar.
Cantarolo uma cantiga para me alegrar.
Logo chega onze horas, hora de almoçar.
Vou esquentar a marmita, quando a tenho pra esquentar.
Se existe esperança,
é a Sua proteção.
Não deixe que adoeçam
crianças e criação,
pois no sertão esquecidos,
sem ninguem pra nos valer,
se alguém cair doente,
a mingua tem que morrer.
A noite volto pra casa para descançar,
dou um beijo na mulher, espero pro jantar.
E ponho a contar o dia que passou,
mas vou dormir sem comer, pois do almoço não sobrou.
Está faltando justiça,
nesta distribuição,
uns tem tanto
e outros nada,
é esta a situação.
Enquanto uma minoria,
do bom e do melhor come,
alguns até desperdiçam,
enquanto outros passam fome.
Eu suplico meu Senhor a sua intervenção,
olhai para o povo humilde da minha nação,
e este povo tão sofrido mas de amor tão forte,
este povo oprimido, desde o sul ao norte.