Morte e vida retirante

Sua vida ficou dependurada na moldura vazia,

Com a imagem desbotada tal qual a sua insignificância

No anonimato da vida...

É assim, José, é assim a vida dos que tem os pés pequenos

E os passos curtos para galgar a vida.

É assim, José, é assim a luta dos que não têm armas

À altura do inimigo invisível que ataca todo os dias,

Mutilando a alma, enquanto o corpo perece

Apenas com o medo do caminhar.

É assim, José... Sempre foi assim.

Quem nasce José, vive José, morre José,

Assim mesmo, um Zé Ninguém.

Vai ficar sua face encovada, escancarada,

Na memória dos poucos que o olhar te alcançou.

Guarde seus calos rijos, suas rugas curtidas,

Seus ossos alquebrados pela vida.

Arraste o que resta dessa sina retirante,

E deixe enfim o corpo descansar

Nesse chão que abre em sulcos,

Nesse sol tão escaldante.

É tempo de parar, José...

A cova fria te espera

Para guardar seu penar.

Assim como a liberdade,

Onde as asas do infinito,

Irão te ensinar a voar...

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 28/03/2014
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