TESTAMENTO

“TODO CANTO DE LIBERDADE VEM DO CARCERE”

GORCH FOCK – JOHANN KINAU

Quero pisar num leito de folhas apodrecidas pelo sal de minhas lágrimas;

E em meio ao sorriso de meus filhos alçar vôo e construir horizontes...

Mas para isto é preciso:

Purgar o sangue amarelado pelo tempo, poder e negócios e sem demora

Expulsar os pensamentos que ousam usurpar nossos sonhos.

Quero voltar a cantar no silêncio desta fria cela,

E com as mãos nuas cavar minha liberdade

(melhor gastar as unhas e dedos no concreto à ser escravo e passear acorrentado pelos jardins)

À noite, quando olhar minhas mãos vermelhas de terra e sangue,

Dormirei tranqüilo, pois Mefistófeles não comprou minha alma...

E em outras celas,

Com o mesmo canto, a mesma dor e sangue

outros túneis serão cavados,

amarras rompidas, cercas cortadas...

(no fim do meu canto sei que não estarei só...)

DARWIN FERRARETTO 12/08/2005

DARWIN FERRARETTO
Enviado por DARWIN FERRARETTO em 06/09/2005
Reeditado em 06/09/2005
Código do texto: T48111