Canavial

O sol, bem cedo, amanhece iluminando

as ruas estreitas e pedregosas da vila.

Ruídos, ainda sonolentos, misturados ao canto do sabiá,

anunciam, acordando os trabalhadores, que é hora de lidar.

O trem, de súbito, passa tremendo a terra:

som ensurdecedor, ressoando na lavoura,

dá bom dia aos que trabalham lavrando,

semeando o futuro ao som do apito que ecoa.

Tapete extenso de cana alcança o horizonte,

largo verdume, vinhoto forte impregnado no ar.

O cortador de cana se perde ao meio do monte,

sentindo o aroma doce o céu açucarar.

O vento, sublime, sopra com vigor a plantação,

faz o canavial inteiro dançar brevemente,

que dilacera as mãos calejadas que trabalham,

cortando a cana que adoça a vida suavemente.

O escaldante sol, ao fim do dia, onipotente se põe.

É hora de alcançar a rua pedregosa e ir para casa descansar.

O trabalho sofrido dá uma estreita pausa no canavial.

O trem passa. Apita. Avisa: é hora de recomeçar.

Rosana Silva
Enviado por Rosana Silva em 01/06/2014
Código do texto: T4828810
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