Canavial
O sol, bem cedo, amanhece iluminando
as ruas estreitas e pedregosas da vila.
Ruídos, ainda sonolentos, misturados ao canto do sabiá,
anunciam, acordando os trabalhadores, que é hora de lidar.
O trem, de súbito, passa tremendo a terra:
som ensurdecedor, ressoando na lavoura,
dá bom dia aos que trabalham lavrando,
semeando o futuro ao som do apito que ecoa.
Tapete extenso de cana alcança o horizonte,
largo verdume, vinhoto forte impregnado no ar.
O cortador de cana se perde ao meio do monte,
sentindo o aroma doce o céu açucarar.
O vento, sublime, sopra com vigor a plantação,
faz o canavial inteiro dançar brevemente,
que dilacera as mãos calejadas que trabalham,
cortando a cana que adoça a vida suavemente.
O escaldante sol, ao fim do dia, onipotente se põe.
É hora de alcançar a rua pedregosa e ir para casa descansar.
O trabalho sofrido dá uma estreita pausa no canavial.
O trem passa. Apita. Avisa: é hora de recomeçar.