Casa branca
 
Casa branca na beira do morro
Já foi lar de risos e cantos
De pureza e de mocidade
No gorjeio da passarada
Enfeitava-se a natureza.
 
Hoje, é abrigo de Quomotins
De aranhas e pica-paus
Tão só na beira do morro
Abrigas a solidão
Das taperas que foram moradas
De quimeras e sonhos de então.
 
Casa branca na beira do morro
De pedras e grandes figueiras
De mangueiras de taboas pesadas
Que abrigava as vacas leiteiras.
Cinturão de laranjais
A cacimba da aroeira
O tanque na velha picada
E a ramada de palha de arroz
Era teto do tosco pilão
Dos brinquedos da gurizada
Sobre o solo batido do chão.
Lembro ainda das serenatas
Da gaita do seu Carmélio
Quebrando o silêncio da noite
Nos açoites da chimarrita
 
Galpão velho de fogo no chão
Chimarrão nas madrugadas
Enquanto na trempe de ferro
A chaleira preta chiava
O patrão e a peonada
Planejavam as lidas campeiras.
 
Casa branca na beira do morro
Foi estância e hoje é tapera
Relicário de tantas quimeras
Na esfera de um lindo passado
 
Se tivesses sentimentos
Quanto terias chorado
No abandono sem lamentos
Choram por ti as corujas
Despejando soluços ao vento
Como a indagar do destino,
Por que é que te abandonaram?

 
Juraci da S Martins
Enviado por Juraci da S Martins em 15/06/2014
Código do texto: T4845742
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