TEOREMA DA REPRODUÇÃO

Lailton Araújo

Sob várias faces humanas expressões desaparecem

Noções espirituais e materiais estão bem difusos

O cérebro fica embaraçado e perde dados confusos

Como um computador sem memória, sem programa

Nem tudo está perdido, a natureza logo se recompõe

Aos olhos dos mamíferos, felina mãe, tão maravilhosa

Que gera filhotes machos, fêmeas, e os coloca à prova

Na tradução do mais puro instinto racional ou irracional

Clones ainda são gerados e descartados

Com um bisturi, as mãos da medicina tecem o amor

Ao meio de seringas, agulhas, bordados de bondade

De um seio de silicone pode brotar a seiva da vaidade

Crianças famintas, são amamentadas com leite em pó

Agonizam nos orfanatos, meninos e meninas carentes

O que é cidadania? É o direito ao ato da reprodução?

E a moderna medicina se confronta com a religião

É o jogo da vida no laboratório material ou espiritual

A camisinha é censurada ou perfurada

Os seres humanos caminham esbeltos e plásticos

Modificando a liberdade corporal, dias sim, dias não

Nas maternidades... Novos partos: doentes e sãos

Que trazem ao mundo o segredo da palavra: amar

As nações continuam bebendo nas fontes da alienação

As gotas da informação quase não chegam aos povos

Sem a verdadeira discussão, gasta-se saliva nos foros

E aumentam-se carências sociais, já perdidas no vazio

O aborto de fetos anencéfalos é controvérsia