INTIMIDADE PRIVADA.

INTIMIDADE PRIVADA.

O som da minha voz eclode.

Entre paredes e o som da descarga.

Entre o cheiro do sabonete e a medra.

Sentado altivo num trono de pedra.

Um pensador trtiste e solitário.

Com mais de sessenta e bronzeado.

Pelo sol de uma praia que tão perto.

Acolheu seus filhos e os netos.

O espelho e a escova de dente.

Muda o hálito e atiça o pente.

A barba mal feita e a unha.

Roida ao pé de uma música dolente.

A vontade que tenho agora.

É pegar e cantar com a viola.

Nesse acústico incredível e sem lei.

Dedilhar um sucesso do “Rei”.

O esgoto que vai dar na praia.

Vão sujar os teus pés e a canga.

Perebar a mão do menino.

Onde eu canto e não desafino.

Onde o som se mistura com cheiro.

Onde o homem defeca e grita.

Analisa a vida e o tempo.

No seu trono exeqüivel de brita.

E o íntimo material se projeta.

Por canais fedorentos navega.

Como um marinheiro sem navio.

Sujando a paisagem o mar e o rio.

Emperebando o claro da pele.

Do meu amado e doce menino.

Sujando o corpo tão lindo daquela.

Que apagou a tristesa e seqüelas.

Há! Intimidade privada!

Dueto meu com o som da descarga!

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 15/05/2007
Reeditado em 19/07/2011
Código do texto: T488417