IMPRECAÇÕES DE UM CONDENADO I

Tão frias, como frias

Eram as noites,

Em que madrugando em mim,

Ia da consciência,

À insanidade mais nua,

Na vã esperança de me saber,

Ainda que só por instantes,

Ou por lapsos,

Ocorridos algures, nesta carne

Apodrida, ou por patético

E confrangedor sorriso,

Assim a loucura me agrilhoou,

E vestiu-me paredes,

Que dadas ao portão gradeado,

Apenas reconheciam nelas,

O que em mim há muito já haviam tirado:

A liberdade,

De dela me abster,

Ou cercar-me.

Jorge Humberto in Imprecações de um Condenado

(28/08/2003)

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 22/02/2005
Código do texto: T4912