A MOSCA MORTA NO FOGÃO.
A MOSCA MORTA NO FOGÃO.
Era quase meio dia entre o inverno e o verão.
Entre a sopa de feijão, e o arroz do outro dia.
Jaz torrada e empalhada o desavisado inseto.
Estendida no fogão, com seu abdome ereto.
Desproporcional o tamanho desse andor.
Chamou-me atenção, o não grito o não clamor.
Triste sina do nano-inseto quase voador.
Medir o sofrimento, com distância ou com a dor?
Sofrer anos-luz mediria a consequencia?
Um ataque fulminante nos daria sua essência?
Voando como Ìcaro e meu grito de horror?
A ferida que não sangra, caberia em seu pavor?
Alguma coisa em mim cala estranha.
Não pelo tom do destino, ou a tênue teia da aranha.
A verdadeira batalha, ainda vai ser travada.
Temos o dom de não ver, e nem de seguir revoadas.
9/01/05 ( Ao Carlinhos )