APENAS UM VERME.
APENAS UM VERME.
Acordei pensativo, hoje.
Bati três vezes no vão.
Fiz duas figas com dedos.
E o crucifixo no peito.
Como espantando azarão.
Do lado do coração.
Olhei a cara no espelho.
Senti a dor no joelho.
Beijei o pé do coelho.
O rosto ainda amassado.
Cuspi a noite dormida.
Senti a alma ferida.
Tomei café com a família.
E tudo foi clareando.
Naquele dia tão brando.
Iluminado do sol.
Sentei na minha cadeira.
E folheei o jornal.
E li supreso a notícia.
Que alguém com certa perícia.
Na edição da revista.
Na parte editorial.
Arregalei os meus olhos.
E me senti muito mal.
O mapa do meu genoma.
Qualificava meu drama.
Não era nem a banana
No fundo do meu quintal.
Não tinha eira nem cerne.
Aquele estúpido animal.
Senti-me vil rastejante.
E quase fui esmagado.
Pela saúva Fuji.
Fazendo toca ali.
Agora na limuzine.
Relendo o magazine.
E de repente previ.
Que a notícia que eu li.
Sentado nessa poltrona.
Era o retrato fiel.
Entre o inferno e o céu.
Entre o verme e eu.