Vila Cruzeiro//Alemão

Lá onde Tim Lopes foi assassinado

Acho que alguns nem lembram mais

Complexo do Alemão

Montanha repleta de cavernas e pedreiras

Não há como encontrar os traficantes

Menores aliciados

Maiores alucinados

E a polícia sobe

E a polícia desce

Com uma munição que mais parece

Brinquedos de lojas de criança

Em frente a um poderio de alto calibre

Ficamos nós na balança

Só morre os transeuntes

Crianças, trabalhadores

Quem não pede a guerra

Quem deseja a paz

Quem quer viver

Tudo em vão

Não é assim que se exterminará a violência

Armas encontrando armas

Tiro de cá, tiro de lá

Tem de haver outra solução

Tem que ter compaixão

Ninguém quer saber de nada

Atirar...atirar...matar em vão

Cruz...cruz e cruzeiro

Cruz que representa martírio

Cruz que lembra um homem pregado

Alemão e destruição

O que adianta tudo isso?

Porque não liberam logo as drogas?

Assim ninguém ataca ninguém

Sempre quem sofre é o povo

Não vão acabar com o tráfico

Não adianta fechar as portas

Parem. Parem. Chega!

Liberem de uma vez

Deixem eles lá

E nós ficamos cá

Não dá é pra continuar

Com essa briga sem vencedor

Chega de tantos mortos

Basta de tantas ameaças

Armas que não servem pra nada

Luta desalmada

Chega! Não vamos mudar coisa nenhuma

Morreremos encarcerados

Em nossas casas

Ou na rua, ou na calçada

Basta! Não temos cacife pra isso

Liberem e deixem eles em suas tocas

Aqui no Brasil a corrupção é quem manda

Não adianta subir e tentar paralisar

Tem que mudar é todo o sistema

Prendam os que usam gravatas

Isso ninguém faz!!!

Pára! Só nós é que pagamos tudo isso

Enquanto os engomados

Riem e dizem: “Cadê a prova?”.

Rose de Castro

A ‘POETA’

Rose de Castro
Enviado por Rose de Castro em 23/05/2007
Código do texto: T498297