Comoção
Manhã
Saindo pra comprar pão
A cabeça do moleque cortada
Corpo em fatias
Coração mudo
Olhos abertos
Sem pano
Sem vela
Um moleque
Um vazio
Sangue preto
Preto...negro...
Menino escuro
Caído só o vulto
De um mocinho cidadão
Cidadão?
Comoção...
Ladrão? Traficante...
No máximo 8 anos
Falta de estudo
Falta de tudo
Falta de amor
Nas mãos um cordão e a arma
Que ninguém levou
Drogas e armamento
Ninguém furtou
O povo continua chutando
O corpo sem vida
Sem sabedoria
Será que tem família?
Sem instrução
Infância perdida
Ai, Senhor...
Adianta chorar?
Desencanto no meu coração
Comoção
Não consegui comer o pão
Rose de Castro
A ‘POETA’