Cotidiano de um amor qualquer
Sedento, aprecio seu desespero,
Faço-te de capacho
Lanço-te escada a baixo
Pra ver, mesmo depois deste desterro
Tu voltar correndo pros braços de teu amado.
De manhã dou-lhe pancadas
A tarde dou chineladas
A noite faço tu cri
Que mesmo com forte abuso
Somos só nós dois no mundo
E começo a te morder.
Passado final-de-semana
Passado os dias-de-cana
Passado o sexo-bom
Desafio-te vorazmente
A arrancar com teus próprios dentes
Meu coro que forte treme
No contato mais solene
Da minh'alma em você
A vida cá é muito boa,
Adormeço sempre na proa
Do grande barco da vida
Que me leva sem destino
Mas para meu desatino
Sempre vou com você.