CARTA DE DESPEDIDA

Este poema não tem a ver comigo, apenas exprime

a realidade de muita gente confrontada com a falta

de trabalho, a que presto a devida homenagem.

Ao receber aquela carta,

Vi que era de despedida,

Fiquei sem acção e fala,

O que será a minha vida?

É triste ficar sem trabalho,

O meu único ganha pão,

Estou mesmo baralhado,

Sangra o meu coração.

Como vou agora alimentar

Minha mulher, meus filhos,

Não sei como me governar,

Estou metido em sarilhos.

Esta sociedade é hipócrita,

É dos ricos e apaniguados,

Eu sou dos marginalizados,

Tomam-me como um idiota.

Andei de porta em porta,

Para arranjar emprego,

Fiquei em desassossego,

Só dei com gente torta.

Vou ter de estender a mão,

À caridade para sobreviver,

Não me vou descuidar não,

Porque então irei padecer.

Neste país o prato da balança,

Pende só para um único lado,

Pende para o lado mais pesado,

Dos que vivem da abastança.

Ruy Serrano - 10.11.2014, às 02:10 H

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 10/11/2014
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