Geografia da Cana de Açúcar

Cultivada
Desde os tempos coloniais
A cana de açúcar
Transformou o Brasil

Numa ilha de canaviais
No paraíso do latifundiários
No lucro dos escravocratas
Numa colônia de exploração

Formando a sociedade do açúcar
Pelo Senhor de Engenho, o aristocrata
Pelos homens livres
Pelos escravos, as mãos e o pés do Senhor de Engenho

Formou o engenho
Pela casa grande
Pela senzala
Pela moenda esmagadora de cana e escravo

Pela capela
Pela cozinha do açúcar produtora de melaço
Pelos chiqueiros e estábulos
Pelos barcos que escoavam o açúcar até Salvador

Atualmente
Ainda se pratica
O tripé
Latifúndio, monocultura e exportação

O engenho
Virou usina
O escravo
Virou cortador de cana

A casa grande
Virou bairro nobre
A senzala
Virou favela

Brasil
Maior produtor mundial de cana de açucar
Colhe mares de cana de açúcar
No mar de terras do Nordeste e Centro Sul

A cana colhida
Pelas mãos sofridas do trabalhador
Embarca nos treminhões
Rumo a sua industrialização

Que transforma a matéria prima
Em açúcar e álcool
Com ciência e tecnologia
Empregada pelo setor sucroalcooleiro

Que emprega mares de trabalhadores
Cultiva mares de hectares
Produz mares de toneladas de açúcar
E mares de litros de álcool

Gera mares de dólares em exportação
Que adoçam a vida de povos
Norte americanos, sul coreanos
Holandeses, indianos, russos e chineses

A cana nordestina
Tem baixa produtividade e pouca técnica
Vira alimento de gado
Nos tempos difíceis de seca

A cana do Centro Sul
Tem alta produtividade e muita técnica
Vira biocombustível
Que faz a alegria do agronegócio

E a tristeza da natureza
Vitimizada pelo vinhoto
Pelas queimadas indiscriminadas
Pelo empobrecimento dos solos
Bruno Valverde
Enviado por Bruno Valverde em 02/12/2014
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T5056363
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